A origem dos vinhos em Portugal tem mais de dois mil anos, com a influência de fenícios, gregos e celtas, consolidada pelos romanos. O enorme número, mais de 250 castas nativas portuguesas da Vitis vinifera, um tesouro português, possibilita a grande diversidade e as diferentes personalidades encontradas nos vinhos portugueses. Embora cada variedade de uva tenha características diferentes, a mesma variedade de uva também pode produzir vinhos diferentes de acordo com o solo, topografia e clima, onde é cultivada. Algumas das mais importantes variedades de uva são, para vinho tinto Touriga Nacional, Baga, Castelão, Touriga Franca, Alfrocheiro, Jaen e Trincadeira, e para vinho branco Alvarinho, Loureiro, Arinto, Encruzado, Bical, Fernão Pires e Malvasia Fina.
A composição fenólica natural de vinhos e frutos inclui os flavonóides, membros do grupo antioxidante alimentar, omnipresentes no reino vegetal, ocorrendo principalmente como metabólitos secundários numa ampla variedade de estruturas químicas, cada flavonóide apresentando propriedades químicas e biológicas diferentes. As propriedades antioxidantes dos flavonóides visam proteger o organismo de espécies altamente reativas, principalmente o radical hidroxilo (●OH) e o anião superóxido (O2▬), que estão envolvidos no dano de células e tecidos. Os flavonóides são os principais antioxidantes dos produtos naturais, devido às suas propriedades sequestradoras de radicais livres e iões quelato metálicos. Muitos mecanismos antioxidantes têm sido propostos para a ação dos flavonoides, sendo a avaliação na nossa alimentação diária dos mecanismos envolvidos no papel antioxidante e pró-oxidante dos flavonóides naturais de grande relevância para a saúde.
Métodos analíticos foram desenvolvidos para a determinação de compostos fenólicos em diferentes tipos de amostras, e os métodos eletroquímicos apresentam alta sensibilidade, permitindo a pesquisa da oxidação de fenóis e a sua deteção numa grande variedade de matrizes, como plantas, frutos vermelhos, mel ou vinhos.
A oxidação eletroquímica de flavonóides tem sido investigada; os mecanismos de oxidação ocorrem nos seus grupos eletroativos, em particular fenol, resorcinol e catecol. O potencial de oxidação e a atividade antioxidante in vitro são inversamente proporcionais, e estão relacionados com o comportamento eletroquímico dos flavonóides e a sua "capacidade antioxidante". Os compostos polifenólicos que se oxidam mais facilmente, para baixos valores de potencial, têm alta capacidade antioxidante, comparados com compostos com oxidação para altos valores de potencial, que têm menor capacidade antioxidante.
Os métodos eletroquímicos permitem detetar a composição fenólica de vinhos e frutos, e quantificar a sua capacidade antioxidante total in vitro, através da determinação do índice eletroquímico (EI), definido como a concentração fenólica total. O Laboratório de Eletroanálise e Corrosão do Instituto Pedro Nunes (LEC-IPN) tem desenvolvido investigação nesta área da quantificação do índice eletroquímico (EI), utilizando os métodos eletroquímicos, e compara com a “concentração eficiente”, quantificada pela eliminação de radicais DPPH, pelo método espectrofotométrico, para a determinação da capacidade antioxidante total in vitro de alimentos. A deteção da composição em compostos fenólicos eletroativos, como os flavonóides nos alimentos, é efetuada por HPLC-EC.