IPN - Instituto Pedro Nunes - Feedzai: Incubadora do IPN assiste ao nascimento do seu primeiro unicórnio

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Feedzai: Incubadora do IPN assiste ao nascimento do seu primeiro unicórnio
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O que é isto de ter uma empresa unicórnio, a única portuguesa que mantém a sede no nosso país, no ecossistema do Instituto Pedro Nunes?
É desde logo um enorme motivo de orgulho para a comunidade Universidade de Coimbra/Instituto Pedro Nunes ver uma empresa nascida no seu ecossistema atingir semelhante patamar de valorização e projeção internacional, mas também uma grande alegria pessoal por ver a trajetória de enorme sucesso dos fundadores que servem de inspiração a muitos outros empreendedores. Ver uma empresa nascida no Departamento de Engenharia Informática (DEI), concretamente no CISUC, encontrar no IPN o espaço para se instalar e crescer, é, naturalmente prova de que estamos a trilhar um caminho importante para a criação e manutenção das empresas na nossa região.


Qual foi o papel do IPN nos primeiros passos da Feedzai?

Foi semelhante ao papel que temos com praticamente as 380 empresas incubadas até à data. Mas, como sempre, houve particularidades. Já lá vai uma dúzia de anos mas, desde logo, recordo que estávamos perante uma equipa de promotores invulgarmente apta e qualificada, não só do ponto de vista técnico (que era e é de excelência), mas também do ponto de vista de negócio. A investigação desenvolvida pelo Paulo e pelo Pedro no DEI foi fundamental, bem como o facto de o Nuno e o Paulo já terem tido experiências empresariais prévias com sucesso e trabalho internacional em contextos exigentes, como por exemplo a ESA. Recordo que não foi preciso praticamente ajuda na elaboração do Business Plan inicial, pois eles já sabiam como fazê-lo (o Nuno estava a fazer um MBA na London Business School). Fomos bastante mais úteis noutras coisas como, por exemplo, na ajuda à divulgação internacional inicial do projeto, apoiando a participação da empresa num concurso de empreendedorismo da EBN – European Business Network, a rede de Business Innovation Centres (BICs) europeus, decorrido em Burgos (ES) em 2010, no qual a empresa saiu vencedora como “empresa inteligente do ano”, na categoria «Modelos Digitais». Penso que talvez tenha sido o primeiro reconhecimento internacional da empresa e, logo aí, se abriram algumas oportunidades. Nessa altura, a ESA mostrou interesse em desenvolver parcerias de negócio e uma incubadora de Londres ofereceu-se para que fosse lá aberta uma sucursal.

Outros momentos que recordo bem foram as conversas sobre o apoio jurídico que deviam ter para negociar os contratos de investimento com os primeiros investidores que surgiram na sequência de terem vencido o prémio BES Inovação, a colaboração com do IPN LIS nos primeiros projetos de investigação; o apoio ao nível administrativo e de contabilidade; visitas de personalidades à empresa e um facto particularmente importante: a participação da empresa no programa de Business Development da UTEN, com a Universidade do Texas, em Austin, através de uma parceria do Estado português com aquela Universidade, mediada pelo IPN (que ainda hoje existe ainda que em moldes diferentes), e que acredito foi particularmente decisivo no enorme sucesso que veio a seguir. Representou a porta de entrada no mercado americano, pela porta do Texas, mas com a continuação que todos conhecemos em Silicon Valley. O acesso à rede de consultores especializados no mercado americano, disponibilizado pela parceria que o IPN detém com a UTEN, foi seguramente um marco durante a fase de incubação da empresa.

A Feedzai, como a Critical, WIT, ou Crioestaminal (apenas por referir algumas mais mediáticas) são excelentes exemplos do que as instituições de ensino e investigação podem contribuir para criar riqueza no nosso país. Continuamos sempre muito atentos ao que se passa nas organizações de ensino e aos talentos empreendedores que aí despontam.

É essa atenção que permite uma melhor cooperação entre a incubadora e instituições educativas?
Sim, claro, é essa a nossa matriz de atuação e a nossa missão e razão de existir. Por exemplo, mantemos vários colegas das nossas equipas de inovação, incubação e aceleração como docentes na área do empreendedorismo em vários cursos de licenciatura, mestrado e MBA da Universidade de Coimbra e também do Politécnico de Coimbra. Por outro lado, colaboramos de forma próxima com a UC Business e outras entidades do Ecossistema de Inovação Regional, no âmbito do programa Estratégico INOV C, no sentido de poder potenciar o aparecimento de muitos outros casos de sucesso na nossa cidade e região. Mas no essencial é um trabalho diário de disponibilidade e apoio às empresas já existentes, aos novos empreendedores que estão em fase de arranque e também de sensibilização aos mais jovens no sentido de os ajudar a descobrir esse “bichinho” empreendedor dentro deles.


Voltando à Feedzai,qual foi o papel do IPN na fase de pré-incubação, depois na incubação e, mais tarde, na chamada fase de aceleração ou maturidade?
Bom, a Feedzai não passou bem por uma fase de pré-incubação. A equipa apareceu perante nós com uma ideia e projeto já bastante bem estruturado (ainda que tenha evoluído substancialmente à posteriori), pelo que foi aceite rapidamente no programa de Incubação Física no qual o apoio do IPN se materializou, desde logo, na instalação física e em todos os aspetos que referi anteriormente.Já na fase de aceleração, com a empresa a passar da Incubadora para Aceleradora em 2014, o nosso foco foi apoiar o crescimento da mesma, proporcionando condições técnicas de excelência ao nível das infraestruturas no IPN TecBIS, com espaços e serviços de suporte tecnológico, como redes de dados seguras e redundantes, apoio técnico, espaços adequados para datacenter, espaços sociais e de convívio, etc. Um aspeto curioso nesta altura foi também a migração de um quadro técnico da área financeira do IPN para criar o departamento financeiro interno da Feedzai e foi essa pessoa que ajudou a empresa a estruturar-se neste domínio durante a fase de expansão internacional acelerada, com abertura de escritórios nas 2 costas dos EUA, no UK, Austrália, entre outros.

Na perspetiva do IPN, quando uma empresa é avaliada em mais de mil milhões de dólares, ainda haverá desafios pela frente? Ou, colocando a questão de outra maneira, o que é que o IPN, Aceleradora e Incubadora podem ainda fazer pela Feedzai?
Na verdade, humildemente, acho que agora até é a Feedzai que faz mais pelo IPN (risos), pois a nossa incubadora acaba por receber alguma notoriedade extra por ter sido o “berço” deste Unicórnio (tal como aconteceu com a Critical Software, por exemplo, há 20 anos atrás). Mas é claro que continuaremos sempre disponíveis para apoiar naquilo em que pudermos ser úteis, nomeadamente disponibilizando infraestruturas e serviços de apoio de excelência na Aceleradora de Empresas, de forma a que se possam concentrar no seu core business a criar produtos de excelência para servir o mundo a partir de Coimbra.

Já falaste com o Nuno, o Pedro ou o Paulo? Como é que se sentem?
Sim, claro, já troquei impressões com o Paulo e com o Nuno. É difícil falar ou até imaginar o que podem sentir, mas tenho a certeza que se sentem extremamente orgulhosos e muito felizes por estarem a criar algo grande e com significado, não só para eles próprios, como para toda a equipa, investidores e para todos os que de forma mais ou menos próxima tem contribuído para que esta jornada fantástica tenha sido possível a partir de Coimbra, ainda por cima numa área tão crítica e essencial para milhões de empresas e biliões de pessoas em todo o mundo, como é a deteção de fraude em transações eletrónicas.
Por outro lado, estou seguro que estão muito conscientes da responsabilidade acrescida, mas com enorme energia para continuar a criar valor e fazer crescer o “animal”.

Data

14 de Abril de 2021

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