O Instituto Pedro Nunes de Coimbra integra um grupo europeu de investigação que está a criar um projecto para levar a Internet a locais remotos do Planeta através de uma espécie de «mulas» transportadoras de dispositivos tecnológicos.
O projecto, que teve início em Maio passado, e deve terminar em 2011, prevê a criação de uma espécie de «mulas» tecnológicas que façam o vaivém da informação entre as zonas recônditas e as dotadas de redes de fibra óptica, com acesso de Internet.
O sistema consiste em instalar um dispositivo tecnológico em pessoas que fazem caminhadas na natureza ou nos veículos que fazem o transporte de pessoas ou mercadorias entre as cidades e as zonas remotas.
Nessas zonas remotas sem acesso à Internet deverá haver um computador, que poderá ser utilizado pelos habitantes para enviar emails ou dados. Com a passagem de uma «mula» pela localidade a informação é recolhida, transportada e, depois, enviada quando a «mula» passar por uma zona servida por Internet.
Através de comunicação WIMAX ou WIFI o dispositivo capta a informação do computador na zona remota e ao passar por outra servida com Internet descarrega-a na rede e recolhe a informação que por sua vez leva para essa zona remota.
Este trabalho está a ser desenvolvido a pensar no povo Sami, da Lapónia, e na região montanhosa de Kocevje, da Eslovénia, onde serão realizados testes, bem como noutras regiões isoladas da Europa. No entanto, é em África que se prevê que venha a ter um grande impacto social, revelou à agência Lusa António Cunha, administrador executivo do Laboratório de Automática e Sistemas do Instituto Pedro Nunes (IPN), de Coimbra, o representante português no projecto.
António Cunha, do IPN - instituição a quem cabe a integração final dos segmentos de investigação de cada grupo, as experiências em África e a colocação do produto no mercado -, diz que foi em Moçambique que se deu conta da importância de desenvolver uma tecnologia deste tipo, prevendo que a sua transposição para o continente africano possa começar pelos países lusófonos, como Angola ou Guiné-Bissau.
As principais beneficiadas poderão ser zonas de baixa densidade populacional, de difícil acesso e pobres. Estima-se que ascendam a 5 mil milhões as pessoas que no mundo estão privadas de Internet por não existirem infra-estruturas de rede, sem perspectivas de as virem a ter, e perante a impossibilidade de recorrer à comunicação por satélite dado os custos incomportáveis para países extensos e pobres.
O «N4C», código deste projecto europeu, vai apoiar-se na tecnologia existente no mercado e desenvolver uma interface para o transporte da informação, através de uma «rede oportunista».
«Para quem não pode ter acesso à banda larga é importantíssimo enviar e receber um email ou uma notícia mesmo que seja com dois ou três dias de atraso», salientou António Cunha.
Fonte:
Diário IOL